Imaginar o futuro da própria escola é um exercício poderoso – e foi exatamente isso que estudantes da rede pública do Distrito Federal realizaram ao apresentar maquetes dos Laboratórios Maker durante a 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), em Brasília (DF). Entre as 15 maquetes apresentadas, a Escola Bilíngue Libras e Português de Taguatinga conquistou o primeiro lugar no voto popular, com cerca de 400 votos, destacando-se como favorita do público visitante.
Os projetos fazem parte do programa Mais Ciência na Escola, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), e mostraram ao público espaços pedagógicos pensados pelos próprios alunos para estimular a criatividade, a experimentação e a aprendizagem prática.
Participação ativa da comunidade escolar
A diretora de Popularização da Ciência, Tecnologia e Educação Científica do MCTI, Juana Nunes, reforçou que a construção dos Laboratórios Maker é um processo coletivo, envolvendo escola, universidade e estudantes bolsistas. “A comunidade escolar participa de cada etapa da construção do laboratório. Queremos que o espaço seja a expressão da vontade daquela escola. Isso melhora a aprendizagem e incentiva a formação de futuros cientistas da escola pública brasileira”, destacou.
Além dos professores e estudantes, pesquisadores da UnB acompanham de perto o desenvolvimento dos laboratórios e das atividades pedagógicas, enfatizando que a criação das maquetes é mais do que planejar um espaço físico: é um exercício de autonomia, pertencimento e visão de futuro.
O professor Marcelino Pedrosa, do Centro de Ensino Fundamental Ponte Alta do Baixo, na zona rural do Gama, contou que a participação no programa foi transformadora para sua escola. “Os alunos passaram a ficar o dia inteiro na escola, dedicados ao projeto. Esse programa mostra que mesmo estudantes de áreas rurais podem sonhar grande, podem ser médicos, advogados, cientistas, o que quiserem”, disse.
Laboratórios Maker: criatividade e aprendizagem prática
Os Laboratórios Maker são espaços que oferecem acesso a ferramentas tecnológicas para a elaboração e execução de projetos, promovendo a aprendizagem baseada em experiências práticas. As maquetes apresentadas incluíram áreas de robótica, modelagem 2D e 3D, produção audiovisual e outras adaptações conforme as necessidades e projetos pedagógicos de cada escola. Entre os destaques, estavam estúdios audiovisuais e a criação do próprio laboratório maker da escola.
O coordenador do projeto e professor de Licenciatura em Computação da UnB, Jorge Fernandes, explicou que a iniciativa busca implementar laboratórios de fabricação digital e audiovisual em 15 escolas públicas do DF, apoiando novas metodologias de ensino e aproximando o conhecimento da realidade dos estudantes.
“O diferencial da ação está em colocar os jovens no centro da construção do espaço e do processo de aprendizagem. O laboratório não é apenas a aquisição de equipamentos, mas a implementação de uma nova maneira de aprender, mais criativa, colaborativa e conectada com a vida dos estudantes”, afirmou Fernandes.
Protagonismo estudantil
Alguns estudantes também assumem papéis de monitores, recebendo bolsas para ajudar na organização das atividades, apoiar colegas e incentivar novas ideias dentro do laboratório. O professor Hélio Henrique acompanha alunos do 6º ao 9º ano nesse processo.
O estudante Mikael de Moura, de 13 anos, ressaltou que o laboratório deve ser um espaço aberto a todos os professores e áreas do conhecimento. “A sala não é só para audiovisual. Qualquer professor pode usar: o de matemática pode criar cubos, o de ciências pode montar um DNA em 3D”, contou.
A colega Sofia da Silva, também de 13 anos, reforçou que o projeto representa um sonho em construção. “Por enquanto, a gente só tem a sala. Mas imaginar o laboratório já mudou muita coisa, é um sonho. A gente começou a aprender mais e gostar mais de estar junto pensando em projetos”, afirmou.
Premiação das maquetes
A premiação considerou avaliação técnica e votação popular. Na avaliação técnica, o primeiro lugar ficou com o Centro de Ensino Fundamental 26 de Ceilândia; o segundo lugar, com o Centro de Ensino Fundamental 104 Norte; e o terceiro, com o Centro de Ensino Fundamental 201 de Santa Maria.
Na votação popular, a Escola Bilíngue Libras e Português de Taguatinga foi a grande vencedora, seguida pelo Centro Educacional 02 de Brasilândia e pelo Centro de Ensino Fundamental Tamanduá, na zona rural do Gama. “Cada maquete representa um pedaço da realidade e das aspirações de uma escola. Nosso objetivo é aumentar essa rede, fazer com que uma escola aprenda com a outra e que a universidade esteja junto nesse processo de transformação”, afirmou o professor Jorge Fernandes.
Programa Mais Ciência na Escola
O Mais Ciência na Escola é uma ação conjunta do MCTI e do MEC, com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e apoio do CNPq. A iniciativa prevê a implementação de 15 Laboratórios Maker até 2026, fortalecendo práticas pedagógicas inovadoras e aproximando estudantes da ciência e da tecnologia de forma prática e significativa.
A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia é promovida pelo MCTI, sob coordenação da Secretaria de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social (Sedes), com patrocínio de instituições como Finep, Huawei do Brasil, Caixa Econômica Federal, Positivo Tecnologia, CFT, BNB, CFQ, Embratur, CGI.br/NIC.br e Aiab.
 
															 
				 
				 
				 
				