O Encontro de Clubes de Ciências, realizado entre sexta (24) e sábado (25), integrou a programação da 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), reunindo estudantes, professores e coordenadores de clubes de ciência de diferentes regiões do País, além de representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A atividade destacou o papel dos clubes como espaços de aprendizado, inovação e engajamento social, promovendo a troca de experiências e o fortalecimento da cultura científica entre jovens brasileiros. Para o coordenador de Popularização da Ciência e Tecnologia do MCTI, Carlos Wagner, esses espaços representam muito mais do que uma extensão das salas de aula. “Os clubes de ciências são fundamentais para formar cidadãos críticos, criativos e comprometidos com a transformação da sociedade. Eles também mostram a importância da participação das meninas na ciência, estimulando o protagonismo, a inclusão e a construção de soluções inovadoras para os desafios do País”, afirmou.
Experiências que inspiram
Um dos destaques da abertura foi o relato de Micaelly Mesquita, ex-integrante do Clube de Ciências do Centro de Ensino Médio 111 do Recanto das Emas (DF) e atual estudante de Engenharia Civil na Universidade de Brasília (UnB). Ela compartilhou como sua trajetória acadêmica foi impulsionada pela vivência no clube. “Criei laços significativos e decidi prosseguir nesse caminho. Ao ingressar na universidade, a interação com o clube foi essencial, me inspirou a conhecer a instituição e as diversas áreas da ciência”, relatou.
Micaelly também ressaltou o compromisso de seguir inspirando novos integrantes. “Da mesma forma que fui inspirada, também me dediquei a inspirar outras pessoas. A mensagem que desejo transmitir a vocês, alunos, é que persistam em sua jornada, aproveitando ao máximo este espaço de aprendizado. Aos coordenadores, expresso minha profunda admiração pelo trabalho que realizam”, completou.
O Clube de Ciências do CEM 111, do qual Micaelly fez parte e ainda colabora, tem se destacado nacional e internacionalmente. O grupo foi selecionado como finalista do Prêmio Zayed de Sustentabilidade, em Abu Dhabi, na categoria Global High Schools, com um projeto que propõe a implementação de um sistema agroflorestal associado à coleta de água da chuva, trilhas ecológicas e atividades de engajamento comunitário. Em janeiro de 2025, a equipe representará o Brasil na cerimônia de premiação.
Formação integral e políticas públicas
Os clubes de ciências também cumprem um papel estratégico na consolidação da educação científica e na formulação de políticas públicas. O coordenador dos Programas de Pesquisa em Educação, Popularização e Divulgação Científica do CNPq, Guilhermo Vilas Boas, destacou que o movimento responde a uma demanda social crescente. “O trabalho dos clubes de ciências é muito importante porque todo esse movimento fomenta políticas públicas. Quando o CNPq realiza ações no sentido de financiar projetos e eventos na área de iniciação científica, entendemos que estamos correspondendo a um anseio público por essas atividades”, explicou.
Carlos Wagner reforçou que os clubes são ambientes de formação integral e de diálogo com as realidades locais. “Muitos clubes acabam entrando numa perspectiva de debater os vários problemas dos territórios, que não são poucos. O clube de ciências pode ser um ambiente de interação, um espaço de trocas, em que as pessoas compartilham várias possibilidades, e o professor é apenas um provocador”, acrescentou.
Representando a Fiocruz, a jornalista e divulgadora científica Fernanda Marques lembrou que esses espaços também são lugares de encontro e construção coletiva do conhecimento. “Ciência é um encontro de saberes, de pessoas, de curiosidades e de oportunidades. Um clube de ciências é o encontro dos encontros dos jovens com a ciência e da ciência com os jovens. É nesse espaço que nasce uma ciência mais plural, que dialoga com nossas comunidades e com a realidade. Mesmo que nem todos se tornem cientistas, quem participa leva a ciência para todo lugar”, observou.
Trocas e integração
A programação do encontro incluiu a roda de conversa O Futuro dos Clubes de Ciências no Brasil, que reuniu estudantes, professores e mediadores para discutir experiências e perspectivas de fortalecimento dessa rede de aprendizado. A professora do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) Glória Albino destacou a importância da comunicação entre os projetos. “Temos um clube que serve como espaço de integração. Muitas iniciativas acontecem dentro do nosso campus e nem sempre temos conhecimento umas das outras. Criamos, então, um ambiente para reunir esses projetos, promover trocas e incentivar nossos alunos. Queremos mostrar que é possível viver com a ciência, que ela está em todos os lugares e pode transformar nossa forma de ver o mundo”, afirmou.
No período da tarde, a Gincana Científica – Jornada X animou os participantes com desafios voltados à criatividade, ao trabalho em equipe e à resolução de problemas ligados ao futuro do planeta. A mediação foi feita por Maria Eduarda Medeiros, de 18 anos, estudante do CEM 111 e uma das embaixadoras da iniciativa.
Segundo Maria Eduarda, o clube de sua escola representa um espaço de transformação e protagonismo. “Nossos projetos vão além dos muros escolares. Pensamos sempre em como nossas ideias podem chegar à comunidade. Lá no início, o clube era dominado por meninos, mas, com o tempo, fomos conquistando espaço e hoje temos muito mais meninas participando e liderando projetos, principalmente nas áreas de tecnologia e inovação”, contou.
O encontro encerrou-se com a troca de contatos entre os clubes e o compromisso coletivo de seguir fortalecendo a rede nacional de clubes de ciências, que se consolida como um dos principais movimentos de incentivo à ciência entre jovens no Brasil.
 
															 
				 
				 
				 
				 
				